segunda-feira, 18 de abril de 2011

A dança da Vassoura e o processo de Impeachment de Collor

O ano era 1992, o Brasil era um barril de pólvora prestes a explodir. As primeiras eleições diretas para presidente do país, em 1989, havia sido uma guerra feroz entre Direita, os militares, um playboy de Alagoas e um barbudo comunista. A confusão foi tanta que até Silvio Santos se candidatou a ser presidente! (sim, isso é verdade. Clique aqui)

Depois da eleição de Fernando Collor de Mello, toda a ilusão de um país renovado e pronto para o futuro foi abandonada com inflação exorbitante, contas bancárias presas, famílias endividadas, empresários de suicidando e jovens na rua pedindo o impeachment.


Pouca gente sabe, mas nessa época dois garotos da baixada fluminense (Andersão e Andrezinho) estavam bolando uma música definitiva sobre essa época e que por mais que tenha sido lançada um pouco depois, foi o retrato definitivo dessa confusão toda.

A “Dança Vassoura” explicou um momento histórico na política do país em uma melodia alegre e infantil. Vamos lá:



Diga aonde você vai
Que eu vou varrendo
Diga aonde você vai
Que eu vou varrendo
Vou varrendo, vou varrendo
Vou varrendo, vou varrendo
Vou varrendo, vou varrendo
Vou varrendo, vou varrendo...(2x)

Eleito com a promessa de “varrer do mapa” os marajás, Collor se intitulava “o caçador de Marajás”. A Dança da Vassoura mostra a ordem cronológica dos fatos, como toda a letra genial faz. O presidente eleito prometia ir varrendo os marajás, bastava aos brasileiros votar nele e dizer por onde eles iam que o presidente iria varrendo.

Oh menininha eu sou seu fã
Oh menininha eu sou seu fã
Danço contigo até de manhã
Danço contigo até de manhã...(2x)

Mas em toda família tem uma menina jovem e X9. E foi nessa que Collor caiu. Thereza Collor, então jovem, bonita e esposa do seu irmão Pedro Collor foi para a imprensa apoiar as denúncias de Pedro contra o irmão. Essas denúncias foram o início de todas as investigações que culminaram com o impeachment. Thereza mostrou que não era só uma menina e que por mais que o Collor fosse seu fã, não adiantaria dançar com ela. Ela queria que o Brasil soubesse a verdade!

Na dança da bruxinha
Dança preta, dança loura
Na dança da bruxinha
Dança preta, dança loura
Agora todo mundo
Na dancinha da vassoura
Agora todo mundo
Na dancinha da vassoura...(2x)

A “bruxinha” foi uma figura que o Molejão encontrou para não serem processados ao citar o escândalo dos anões do congresso, que eram liderados por PC Farias. Se não houvesse censura a dança seria dos “anões”, onde todo mundo – os brasileiros – dançam com a vassoura, que não iria varrer os marajás, e sim o dinheiro de nossas poupanças.

Varre prá esquerda
Varre prá direita
Levanta poeira
Que essa dança é porreta...(2x)

O verso político mais explícito da canção. Ao citar a esquerda, a direita e a cocaína, o Molejão tocou fundo na ferida política ainda aberta na população. A crítica feroz aos deputados que iriam mudando da direita para o PT, do PT para a direita de acordo com o que era mais conveniente foi muito bem feita. A vassoura iria passar limpando todas as sujeiras, seja da esquerda ou da direita do país!

Quanto ao “levanta poeira que a dança é porreta”, o Molejão escancarou as histórias de Fernando Collor de Mello com cocaína e jogou na cara do país inteiro isso. Essa poeira que estava no congresso era muito mais perigosa que uma simples sujeira. Vassoura nenhuma iria limpar a cocaína impregnada no ar.

Piti pi piti pi piti pau!
Piti pi piti pi piti pau!
Mas tome cuidado
Com o cabo da vassoura
É pior do que cenoura
Você pode se dar mal...(2x)

O fim da letra é um recado ao Fernando Collor: não é tão fácil assim brincar com a vassoura. Não adianta ser malandro. O cabo da vassoura é perigoso, é pior do que cenoura e um dia, fatalmente, você poderia ter se dado mal. Aconteceu. O impeachment era inevitável e Anderson Leonardo sabia disso.

@chicocabron